sábado, dezembro 31, 2005
2006
quinta-feira, dezembro 29, 2005
Trago novas de uma antologia de poesia sobre o Natal
É uma edição Millennium – PÚBLICO e garanto-vos que vale bem a leitura e este olhar diacrónico sobre os Natais ao longo dos séculos por vários poetas portugueses.
terça-feira, dezembro 27, 2005
Fases que nos marcam
Há muitos anos, tinha a minha filha Ana 13 anos, sentindo a minha angústia de mãe em encontrar a melhor forma de lidar com certas atitudes e comportamentos das 3 filhas (púberes e pré-adolescentes) escreveu num papel
colorido, que me ofertou com um doce beijo, esta frase tão simples e tão sábia (desde bebé que mostrou como era uma criança diferente e sábia) que me tem acompanhado pela vida fora:
segunda-feira, dezembro 26, 2005
sábado, dezembro 24, 2005
um poema chamado futuro
Recebi, por email, este belo poema do amigo Jorge Castro e não resisti a partilhá-lo convosco. Obrigada Jorge.
o consumo consome o natal
esse tal que sem sumo fenece
pega em ti - vai até ao quintal
traz laranjas que o sumo apetece
e depois passeando pelo campo
colhe a graça do orvalho maninho
que à luz fria do sol deixa um manto
de onde brota o verdor do azevinho
ou então corre ao mar que transporta
um olhar teu em volta do mundo
que de volta o trará porque importa
mais que azul ser intenso e profundo
logo então bate à porta do amigo
dá-lhe a prenda do teu forte abraço
um sorriso ou o simples abrigo
que de afecto lhe traga esse passo
e depois tu leva-o contigo vendo
a vida que nas ruas passa
o apressado o vaidoso e o mendigo
das castanhas o odor da fumaça
o abandono do gato que dorme
na vidraça que é mais soalheira
e o homem nessa mágoa enorme
de vivência sem eira nem beira
e a calçada pisada tão fria
e as árvores tão nuas da praça
e os amantes que enlaçam o dia
na poalha do sol que os abraça
e um jovem só de sonhos feito
e a moça tão vivaz e bela
e aquele velho de olhar rarefeito
tão perdido só de olhar p’ra ela
e por ser tão intenso e urgente
tão fugaz indelével sublime
nessa areia da vida corrente
cada passo que o teu corpo imprime
num segundo de ardente pungência
cada alento de ti consumido faz do dia
em que estás a premência de seres
tudo o que tens perseguido
e liberto um olhar teu nas nuvens
derrubado do céu cada muro
saberás quanta a força que tens
num poema chamado futuro.
- Jorge Castro
quarta-feira, dezembro 21, 2005
BOAS FESTAS 2005
A todos desejo que a vida nos traga tudo o que necessitarmos e mais algumas coisas extra.
Se nos trouxer problemas (inevitável, não é?) que os saibamos olhar e viver como um processo de crescimento e não como obstáculos intransponíveis.
Que demos mais do que esperamos receber e que... aprendamos a nada esperar.
sábado, dezembro 17, 2005
Porque hoje é sábado convido-vos
a rir.
a soltarem-se no vento.
no azul do dia...
Mas aproveitem
uma pausa
na brincadeira
e passem
no Orgia Política
e
façam o favor
de ser felizes!
Tenham
um bom sábado.
sexta-feira, dezembro 16, 2005
Portuguêsmente
Eis como fica o comum cidadão português depois de seguir os debates (desculpem lá, mas chamam-lhes assim!).
Precisa de se distanciar - muito - de procurar mundos alternativos onde encontre uma realidade....REAL!
Depois deste intenso (e fechado) período de reflexão veremos o que resulta.
Uma dúvida existencial é: ainda terá (teremos)a cabeça nos ombros quando terminar(mos) de reflectir?
Porque, acreditem, nestas alturas revela-se um contratempo.
Mais fácil decidir sem ela....
quinta-feira, dezembro 15, 2005
Chamem-me lamechas. Não me importo!
quarta-feira, dezembro 14, 2005
correndo para apanhar, ou fugindo?
O mundo (social e cultural) que construímos é alucinado e alucinante.
Desligamo-nos do planeta, do ritmo da vida e da criação, das estações, do nascer e por do sol e da lua, do ritmo das marés e do pulsar geral da terra-mãe.
Colocamo-nos acima das restantes espécies (animais e vegetais)que connosco coabitam.
Criamos ilusões que transformamos em objectivos de vida e que a tudo se sobrepõem. Até a nós, seus criadores.
Mas ainda assim sentimos esta fome e sede de felicidade. Queremos, a todo o custo ser felizes!
Lembremos então, com N. Hawthorne, que « A felicidade é como uma borboleta que, quando perseguida, está sempre além do nosso alcance, mas que, se nos sentarmos calmamente, pode pousar sobre nós.»
segunda-feira, dezembro 12, 2005
As cartas que escrevemos
Ao longo da vida escrevemos cartas.
Muitas.
Muitas mais do que nos lembramos.
Escrevemos cartas com o pensamento e que só nele ficam e habitam.
Escrevemo-las com símbolos outros e palavras.
No papel. Ou em qualquer outro material onde possam ser impressas.
Impressos os símbolos.
Telas, tecido, madeira, pedras, areia, cal, paredes, almas....e no vento.
Escrevemos muitas cartas no vento, nos ventos...
Todas têm destinatário fixo, determinado. Que à escrita nos levou.
A umas mandamo-las, outras não.
Guardamo-las, ou rasgamo-las.
Podemos ainda queimá-las...
As que enviamos e chegam, a quem devidas, podem ou não ser lidas.
Podem ser lidas mas não compreendidas...
Podem ser compreendidas e o momento ter passado porque a compreensão lhes foi anterior.
A maioria escrevemo-las no pensamento.
Com o pensamento.
E ficam a ecoar em nós.
Bandos loucos de aves soltas turbilhonando as almas....o ser.
Hoje a propósito de todas as nossas "cartas" ofereço-vos este belo poema de Ruy Ventura.
escrevo-te cartas
que nunca irás receber
a morada desaparece
sempre que tentamos encontrar
não uma porta, mas uma casa inteira.
desligo tudo dentro deste quarto.
ouço, incompleto, - com a janela
entreaberta ao fresco da noite -
cada pequeno ruído,
como se fosse um código para nos entendermos.
Ruy Ventura
domingo, dezembro 11, 2005
Ser do contra
Ser do contra
E ao contrário de repente
Ser do alto mar na terra
Impertinente
Ser do ar no chão
e consistente
Nada fácil
Viver-se contra a corrente
sábado, dezembro 10, 2005
Olhares interiores e exteriores
No tijolo azul e no rendilhado do arbusto a casa abre o olhar ao exterior.
Ilumina-se e veste-se do oiro do poente.
Na envolvência labiríntica dos troncos isola-se, fecha-se, individualiza-se.
Única e inexpugnável na permanência do ser que se afirma.
P.S - porque hoje é sábado deixei aqui o meu olhar político à vossa espera.
sexta-feira, dezembro 09, 2005
Para lá dos limites
Já. Já se acabaram os limites.
As palavras deixaram os cem por cento de forma.
Esgotaram-se as penumbras dos ângulos forçados
e rebentou-se a máscara dos mistérios falsos.
*
Estamos num mar imenso de estrutura una.
No pântano milenário
que se alarga e alarga como um polvo incansável.
Dentro do lodo e impermeáveis,
em plena realização das maiores aspirações do momento e de sempre.
*
Já. Já se acabou o sacrifício inútil e sem norte!
Já se rompeu a membrana das vontades fingidas
(traída em tudo a condição forçada de fantoches)!
*
É o instante do início.
O sangue encontra-se em cachão
e salta.
O riso não tem mais oposições
e estala.
Abrem-se os braços para o primeiro voo.
Vamos:
Já se acabaram os limites!
*
Mário Dionísio
terça-feira, dezembro 06, 2005
Incompatibilidades no mundo animal? ONDE???
NAIROBI (AFP) - Um filhote de hipopótamo que sobreviveu ao tsunami na costa do Kenya formou um estranho vínculo com uma tartaruga fêmea gigante,
centenária, na cidade portuária de Mombassa. O hipopótamo órfão, com menos de um ano e pesando cerca de 300 kg,
adoptou a tartaruga centenária como mãe, e ela parece estar bem feliz no seu papel de mãe adoptiva.
Os dois nadam, comem e dormem juntos
Incompatibilidades? diferenças? cor de pele, de pelo, de carapaça, de espécie?
Haverá aqui alguma lição para nós, humanos?
segunda-feira, dezembro 05, 2005
Última arma biológica
sábado, dezembro 03, 2005
A arte de criar ilhas de quietude
Ao ler a citação, que transcrevo, pensei e penso sempre numa das "casas virtuais" que visito.
De facto, não uma, mas várias que esta Obreira da Quietude edifica, fio a fio, e com ternura nos oferta.
« Ensina-me a arte de criar
ilhas de quietude,
onde eu possa absorver
a beleza das coisas
de todos os dias:
nuvens, árvores,
um trecho de música....»
*
*
Marion Stroud
*
*
É certo que também se encontra, ou eu a encontro, esta arte, noutras casas, mas não com a frequência, presença viva com que nelas-estas ocorre.
sexta-feira, dezembro 02, 2005
Palavras do contra
Estas são palavras do contra porque a nossa cultura ocidental chama, indiscriminadamente, preguiça, coisa má e feia, ao acto de parar, deixar de fazer algo que seja economicamente considerado útil.
Quando, parar é uma necessidade do ser humano.
Parar e absorver a beleza, respirar e religar-se ao mundo, à natureza.
Pessoalmente sempre "parei". Volta e meia páro. Se o não fizer afogo-me, morro sufocada.
Necessito sentir o vento, molhar-me na chuva e nela caminhar sem destino, olhar a lua e as estrelas, parar para ver o pôr-do-sol e o nascer.
Parar a ouvir o diálogo do mar, dos amantes, o riso das crianças, o sussuro das árvores..., o som da água correndo solta e ciciando encantamentos...Parar para me ouvir.
*
*
*
terça-feira, novembro 29, 2005
Ainda a propósito da violência
«A violência é muito mais do que inflingir danos físicos noutra pessoa. Algumas formas de violência podem ser muito mais devastadoras do que a violência física.
A violência pode assumir aspectos muito subtis. A separação que se faz entre "nós" e os "outros" é um acto de violência. Quando nos focamos nas diferenças entre as pessoas em vez de nos focarmos naquilo que nos é comum, inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde, isso resulta em violência».
WEISS, Brian L, M.D.(2005 - 5ª edição). A Divina Sabedoria dos Mestres. Lisboa: editora Pergminho (142)
domingo, novembro 27, 2005
SOLIDARIEDADE
a nossa solidariedade com todas as mulheres que passam pela quimioterapia.
Este post foi retirado do Lua de Lobos> a pedido da amiga Maria de São Pedro que tem quatro amigas passando por este tormentoso tratamento.
Solidarizo-me com todas as mulheres (minha mãe também faleceu de câncer) e com todas as crianças e homens que passam pelo mesmo.
sábado, novembro 26, 2005
Vieste. Em azul e infinito manto
Vieste. Em azul e infinito manto
recortado neste como rei.
Um perfume de canela incendiava
o tempo todo à nossa volta.
Trouxeste incenso.
Em minhas mãos o depuseste.
Nos teus olhos ardia o fogo
divino, o brilho primordial
das primevas águas do nascimento.
Nelas mergulhei. No fogo
ateado nos consumimos. Imensa
espiral ligando céu e terra.
(Do meu livro: O LUAR DA ESPERA)
(foto por TMara - Quinta das Conchas, Lisboa)
N.B - dêem um saltinho ao ORGIA POLÍTICA e leiam o meu texto deste sábado.
sexta-feira, novembro 25, 2005
Cartas dos políticos ao Pai Natal
O blog do candidato Cavaco Silvaapropriou-se da de Mario Soares como se propriedade intelectual sua fosse.
Para além disso só esta publicou perdendo-se a vista de conjunto impresso pela autora que deixou lá o seu comentário a tal atitude, solicitando rectificação.
Carta ao Pai Natal - Manuel Alegre
Pai natal quando voares nos céus da minha Pátria
Quando aterrares as renas nas planícies do meu País
Lembra-te desta carta, pedido singelo
De um homem que só para a Pátria pede
Para si… Nada quis. Se o nevoeiro que levou D. Sebastião
Te fizer perder o rumo e baralhar o norte
Segue o cheiro a verde pinho
Ouve a minha trova no vento que passa
E chegarás às chaminés do meu país
Pátria desafortunada. Sem euros. Má sorte.
Numa das chaminés de Lisboa
Sentirás o odor e verás o fumo negro da traição
Que o teu trenó sobre ela paire
Que sobre a chaminé de Soares a tua rena páre
E solte bosta. Um imponente cagalhão.
Assinado: Manuel Alegre
Carta ao Pai Natal - Francisco Louçã
Isto não é uma carta!
É um manifesto. Um protesto.
Uma petição
Assinada por dezenas de intelectuais
E outras pessoas que jamais
Se reviram numa festa
Bacanal
Orgia de oferendas
Dadas sem qualquer critério
E que perpetuam uma tradição Caduca.
Reaccionária. Clerical.
Que tu representas oh pai do natal.
Com esta petição pretendemos
Que a data seja referendada
Não imposta, decretada
Por um estado economicista e liberal
E que seja celebrada quando um homem quiser
Não à roda da mesa.
Consoada.
Mas num portuguesíssimo arraial.
Assina: Francisco Louça
Carta ao Pai Natal - Jerónimo de Sousa
Camarada
Tu que és explorado pela entidade patronal
Durante a época do Natal
Usado como símbolo do capitalismo
Para fomentar o consumismo
Desenfreado, descontrolado
Que enriquece a burguesia
E empobrece o proletariado
Junta-te a nós no combate
Contra a guerra no Iraque
Oferece Che Guevara’s não ofereças Action Man’s
Luta pela igualdade feminina
Não dês Barbies mas Matrioshkas
Educa as crianças de hoje Comunistas amanhã
Substitui o Harry Potter pelo livro “O Capital”.
Camarada
Reivindica o teu direito a um transporte decente
Pára o trenó e as renas
Que não é veículo de gente operária e trabalhadora
Como tu oh pai natal!
Unidos venceremos o imperialismo e os reaccionários
Viva o Natal dos oprimidos
Viva o Natal dos operários!
Assinado pelo candidato: Jerónimo de Sousa
(Carta aprovada por unanimidade e braço no ar pelo Comité Central do PCP)
N,B - as cartas de C.S e M.S estão no Estranhos Dias
quarta-feira, novembro 23, 2005
ContraCampanha
terça-feira, novembro 22, 2005
São frágeis como ilusões, ou sonhos
sábado, novembro 19, 2005
Construiram o muro...
...maciço! Assustador na sua enormidade.
Intransponível a não ser por aves e só se forem invisíveis.
Os soldados podem abatê-las à vista...Estão lá para isso. Para abater à vista.
Mas a liberdade não conhece muros por mais esmagadores que sejam.
No deserto de algumas almas outras criaram uma grande sala de jantar com uma janela virada à floresta, ao lago e ao monte nevado.
Á vida.
Aos lugares onde ela fervilha e a paz amanhece.
Virtual ou não é uma vitória.
Uma janela rasgando o cimento, o betão.
Aberta.
Eterno cântico de auto-confiança e esperança onde cantam todos os amanhãs.
E por debaixo do muro a natureza (sapadora que não permite obstáculos) avança já.
P.S - amanhã, se puderem (e quiserem, claro) passem no ORGIA POLÍTICA .
É dia da minha pequena crónica.
quinta-feira, novembro 17, 2005
ERA UMA VEZ...
«... Quatro portugueses chamados Toda-a-Gente, Alguém, Qualquer-Um e Ninguém.
Havia um trabalho importante para os quatro fazerem e Toda-a-Gente tinha acerteza que Alguém o faria.
Qualquer-Um podia fazê-lo, mas Ninguém o fez.
Alguém, zangou-se porque era um trabalho para Toda-a-Gente.
Toda-a-Gente pensou que Qualquer-Um podia tê-lo feito, mas Ninguém constatou que Toda-a-Gente não o faria.
No fim, Toda-a-Gente culpou Alguém, quando Ninguém fez o que Qualquer-Um poderia ter feito.
Foi assim que apareceu o Deixa-Andar, um quinto português para evitar todos estes problemas...»
Recebi este texto por email.
Achando-o curioso decidi postá-lo.
Será que nós somos mesmo assim, como nos pintam?
O que é que vocês pensam?
terça-feira, novembro 15, 2005
Possesso está o corpo
oculto... ..Nos gestos lentos e seguros
retido..... No movimento...... calmo..... sereno
contido..... Imenso o cálice...... Invisível
Transbordante rio interior em cascata
Fervilhante..... Arde a pele consumida
de desejo..... Vibra o corpo todo num
pulsar intenso secreto e obscuro
Cicio..... Palavras de bruxedo e encantamento
no ouvido do vento..... Estrangulado
o grito de prazer sai num som de lamento
Grande é a dor da ausência..... a falta
A aparência de frieza e distância
excita..... Decanta o devorador sentimento
que arde por dentro (na mente..... alma e
corpo..... igualmente ardendo) ..... Do tempo
de espera se incendeia e alimenta.
(do meu livro O Luar da Espera)
domingo, novembro 13, 2005
sexta-feira, novembro 11, 2005
SEXTA CANÇÃO DA VIDA
Vou:
Disperso nas horas
Incerto nos passos.
Rezo:
Vida, havias de trazer horas brutais,
Horas abertas,
Rasgadas por minhas mãos ansiosas
De lúcidos temporais!
Penso:
Se as não rasgar por minhas mãos
A Vida não as dará jamais.
MANUEL DA FONSECA – Rosa – dos – Ventos
P.S -se puderem passem no ORGIA POLÍTICA e leiam o meu post. Obrigada pelo carinho:))
quarta-feira, novembro 09, 2005
Sou água
domingo, novembro 06, 2005
sexta-feira, novembro 04, 2005
Teria muito gosto em que passassem
quarta-feira, novembro 02, 2005
Mente brilhante ou um avatar?
Se o que o bom e velho Einstein aqui diz não acaba, mais de meio século depois, por ser identificado, primeiro pelos japoneses, depois pelos americanos, como o quociente emocional e sua importância na tomada de decisões, então não estou a raciocinar bem.
E vocês, o que acham?
segunda-feira, outubro 31, 2005
É só por este rosto de selvagem formosura
É só por este rosto de selvagem formosura
que eu tento construir a casa respirada
ao rumor das pálpebras e na leve matéria
que se liberta da noite e dos joelhos da terra
A nudez pertence-nos como um fruto entre as folhas
e no círculo onde a luz é mais pura estão as redondas
dunas
Uma lâmpada de pedra contém, toda a sabedoria do
Opaco
Ergues o peito aéreo e nos teus artelhos gira a graciosa
roda
A ferida recolhe o orvalho da transparente presença
Lentamente a pluma ergue-se com o torso leve e os
reflexos da água
És a visitadora que vagarosa germina com a lenta
frescura
No tumulto das palavras insinuas o mistério das árvores
e com a rosa dos cabelos perfumas a aridez do poema
Deixas cair as vestes numa suave violência
e o segredo espalha-se em mil sílabas aéreas.
ROSA, António Ramos (1992) AS ARMAS IMPRECISAS. Porto: edições Afrontamento (9)
sábado, outubro 29, 2005
quinta-feira, outubro 27, 2005
terça-feira, outubro 25, 2005
Para rir
No escritório:- Conheço uma maneira de conseguir uns dias de folga!
- diz o empregado à sua colega loira.
- E como é que vais fazer isso?
- diz a loira.
- Vou demonstrar.
Nisto, ele sobe pela viga, e pendurou-se de cabeça para baixono tecto.
Nesse momento o chefe entrou, viu o empregado pendurado notecto e perguntou:
- Que diabo você está a fazer aí?
- Sou uma lâmpada.
- respondeu o empregado.
- Hummm...acho que você precisa de uns dias de folga.
Vá para casa!
Ouvindo isto, o homem desceu da viga e dirigiu-se para a porta.
A Loira preparou-se imediatamente para sair também.
O chefe puxou-a pelo braço e perguntou-lhe:
- Onde você pensa que vai?
- Eu vou pra casa!
Não consigo trabalhar às escuras!!!...
segunda-feira, outubro 24, 2005
Factos avulsos
1. Há anos, quando o Dr. Cavaco Silva era 1º Ministro, após visita a uma suinicultura, à saída da mesma, interpelado pelos jornalistas, Vi e OUVI, na TV, em directo, o seguinte: “acabei de visitar uma porcaria...”
2. O senhor tão pouco sabia quantos cantos compõem os Lusíadas.
Terá tal facto menos gravidade do que Santana Lopes e os famosos violinos de Chopin?
Entrevistado no dia seguinte à declaração de candidatura à presidência começou a falar como P.R, mais adiante dando pelo grave lapso (ai o que Freud ia delirar) lá emendou a mão e passou a dizer: “um candidato a presidente!”! Para mim o senhor julga-se O Salvador da Pátria. O Vindo dos nevoeiros....O círculo que o rodeia alimenta-lhe, por certo, tal sentir. É um pouco o mesmo que alimentar um burro a pão-de-ló. O ego cresce.
Como primeiro-ministro penso que funcionou mais como um contabilista do que outra coisa...fez coisas boas? Pudera, tanto tempo não dá só para fazer disparates...
3. Ainda nesta entrevista referiu-se à Assembleia Nacional....foge-lhe a boca...
4. Esforçou-se para assegurar aos portugueses que não irá liderar nenhum golpe constitucional contra o actual regime presidencial definido constitucionalmente. Pois a esse propósito o artigo de um seu apoiante, saído na semana anterior, pusera o país em polvorosa. Por mim penso que o artigo tem mais a ver com a personalidade dele do que a forma como o regime presidencial está actualmente definido. Ao primeiro balançar de instabilidade (e são tantos) lá voltariam aqueles princípios e a tentação! Vade retro....
5. O senhor Alberto, que mora num jardim, ainda há coisa de um ano (congresso do PSD), desaforadamente dizia ao senhor Silva (leia-se Cavaco) que não era ninguém e nada sabia. Agora desfaz-se em elogios.
Ah, como eles divertiriam o país se tivessem só o papel de bobos em vez do de políticos....
6.A Constituição da República Portuguesa define como órgãos de soberania:
O Presidente da República;
A Assembleia da República:
O Governo e os
Tribunais.
Confesso que na minha cabeça custa a entrar o facto de um ÓRGÃO DE SOBERANIA FAZER GREVE? E se os outros três, ou pelo menos dois deles decidem fazer greve também? De certeza que entramos (mais uma vez, no Guiness Book).
Alguém me explica como pode um órgão de soberania fazer greve? O que a legitima?
P.S - este texto foi postado, no passado dia 22, no Orgia Política
sábado, outubro 22, 2005
Olá pai
Hoje passa o aniversário de nascimento de meu pai.
Há décadas que partiu.
Tanta coisa que gostaria de lhe dizer e que a vida não nos deu tempo....
São tantas as coisas que lhe queria agradecer....
Tanta coisa por dizer, para dizer....
Digo-as. Em silêncio, da minha alma para a dele.
De tanto que tenho que agradecer destaco os valores éticos e a frontalidade.
Agradeço-lhe ainda ter sido meu pai. Ter nascido dele e de minha mãe. Nunca quis nem quereria ter tido outros pais.
quinta-feira, outubro 20, 2005
Lição das coisas
O braço triste das coisas que não mudam,
o seu silvo na noite ou seu suspiro,
a boca desas coisas é sinistra,
suave todavia a sua sombra.
Essas coisas são nossas e superam-nos,
passam além de nós por declives,
calendários, filhos, netos, passatempos.
Essas coisas são doces ou simulam
presençaspouco atrozes. Substituem-se
mas nem por isso fogem. São supérfluas
ou asquerosamente serviçais.
Sucedem-se essascoisas em esconsos
espaços e soturnos sítios habitados.
Movem-nos por imutáveis.
Seráficas e cínicas, vigiam-nos.
Somos nós, muitas vezes, essas coisas.
NAVARRO; António Rebordão (2005). LONGÍNQUAS ROMÃS e alguns animais humildes. ANTOLOGIA. Selecção e prefácio de fancisco Duarte Mangas. Porto: ASA (37)
terça-feira, outubro 18, 2005
É um lugar ao sul
no corpo
há sempre um lugar
ao sul.
*
É um lugar de luz quente
onde a treva é intensa
para permitir à luz ofuscá-la,
erradicá-la e brilhar viva num
clarão
que jorra e se alastra ao corpo
todo
ficando todo ele a sul de nós mesmos,
da sombra,
do frio, do nevoeiro.
*
A coberto da noite.
*
É um lugar ao sul.
Intenso.
Com um sol de deserto
irradiando luz
contra alvas paredes
de cal.
brancas como a luz ofuscante
que ilumina o mais secreto
recanto do nosso
corpo. Ao sul.
*
Há sempre, no corpo, um lugar
ao sul.
*
Claro. Luminoso.
Breve e intenso como clarão.
Um lugar secreto do corpo
que fala
de paixão.
Por TMara, in: O Luar da Espera (esgotado)