teus pequenos olhos
viajavam-me por dentro.
por fora a pele
secou e
poro a poro
estaladiça rachou
inabitada.
teus pequenos olhos
viajavam-me por dentro.
por fora a pele
secou e
poro a poro
estaladiça rachou
inabitada.
A palavra para o Fotodicionário desta semana foi "Paixão".
A foto abaixo é representação de "paixão" que enviei.
A vida é um somatório de paixões.
As mais duradouras são as mais simples.
Como esta, a paixão de um bom pão – preferencialmente o alentejano – barrado com manteiga. É uma paixão reconfortante no paladar e no aconchego que sempre recria.
A paixão de abrir os braços, abraçar o mundo ou voar no esplendor de um dia de sol em que se sente o espreguiçar feliz da natureza e escuta o respirar do mundo.
A paixão de, num dia de chuva, mansa e criativa, circular pelos campos no meio das plantas. senti-las felizes lavando as poeiras e os cansaços. sacudindo-se como cachorros brincalhões depois de saírem da água.
A paixão de uma criança, correndo feliz para nós, lançando-se nos nossos braços num total e confiante abraço.
A paixão do mar murmurando segredos em cada poro de nosso corpo enquanto nos enfeitiça definitivamente….
A paixão de um sorriso genuíno que ilumina o mundo.
A paixão do silêncio partilhado que nos diz: não estás só. Estou sempre contigo para o que der e vier.
Tantas, tantas paixões que nos alimentam o dia a dia começando no simples facto de acordar, continuando por todos os que amamos se encontrarem bem…
As paixões das coisas simples são as que importam e nos reforçam.
Ontem estive no encontro mensal de poetas em Vermoim .
Não sou assídua por várias razões, sendo determinante a ausência de transportes.
Foi com agrado que compareci.
O tema era "Manhã".
Não tendo poemas sobre este tema escrevi dois, dos quais só li um dado o elevado número de participantes inscritos - 27.
Aqui vos deixo o outro, com desejos de um excelente Domingo.
amanhecer é acordar em teu olhar
amanhecer é acordar em teu olhar
vigilante guardião de meu ser
ondas de ternura cobrem o físico
espaço onde a matéria vive
e o corpo repousa tocam a
imponderável e invisível substância
da alma e do ser doces correntes
que nos ligam e confortam
e |a cada manhã| se reforçam
no íntimo momento de amar
|porque|
amanhecer é acordar em teu olhar.
estou aí
olhas mas não me vês.
vês o reflexo do céu, das árvores,
das altas nuvens…
os insectos que correm na superfície
das águas, mas
a mim, não vês!
e no entanto estou aí. Mais do que
em qualquer outro lugar.
do corpo dessa terra nasci. fio
de água, torrente…
não me vês mas só aí existo e
estou.
tudo o que vês sou eu.