quarta-feira, outubro 14, 2009

Maitê Proença, Rede Globo e portugalidade

Para:

Rede Globo
Mónica Waldvogel
Maitê Proença

    Anos atrás via o programa Saia Justa. No tempo em que a cantora Rita Lee, fazia parte do painel.
Agora a Rede Globo que autorizou este programa e a passagem do vídeo de Maitê Proença enfiou-se numa saia justa demais.
    Como portuguesa digo-vos, não sou, não somos “manés”. Como o não foi o nosso rei D. Manuel.
     A actriz Maitê afinal é melhor actora do que a considerava através dos trabalhos que dela tenho visto dado que conseguiu passar uma imagem de ser humano preocupado com a espiritualidade e culto, convencendo-nos quase todos.
Caiu a máscara e mostrou a sua face. Inculta e arrogante como só os néscios podem ser.

           Em reacção às primeiras reacções de portugueses e brasileiros que aqui vivem e trabalham – em Portugal, claro – veio apresentar uma justificação afirmando ser aquilo que fez, humor e citando o guru sobre o auto-humor.

            Mais grave do que a incapacidade, desinformação e incultura da senhora (que afinal é mesmo “loira”) é o facto de a Rede Globo ter permitido que fosse para o ar, que a moderadora Mónica Waldvogel – cara da Globo neste programa – o tenha repassado baixando a fasquia em que a tinha desde os idos em que via o programa e que todo o painel de mulheres, alegadamente inteligentes, tenha acabado por partilhar, cumplicemente, com a burrice e a arrogância dessa actriz e só lhe chamo isto para não acirrar ânimos.

      Por mim vos digo. Essa actriz é, a partir do conhecimento deste vídeo e programa, personna não grata. Ninguém lhe pode impedir a entrada livre em Portugal, mas apelo aos portugueses, brasileiros e todos os emigrantes que aqui vivem que não a prestigiem indo vaiá-la onde quer que esteja. Como disse um famoso escritor britânico: falem de mim, falem mal mas falem. Toda a acção de repulsa e vaias, todo o ajuntamento de pessoas em rejeição à actriz só servirá para lhe dar notoriedade, e ser falada e é disso que pessoas assim se alimentam e vivem.

           Quanto à sua evolução espiritual bem pode a senhora marchar – de preferência mesmo marchar - a pé – para a Índia e ficar por lá a ver se aprende algo porque até agora, coitada, nem com cuspo (aquilo que ela deitou na fonte)=saliva, colou qualquer aprendizagem.
                        E a Rede Globo, parceira da SIC em que pé está ou fica?

          Há programas que são para gente inteligente... A actriz, até ao fingir pedir desculpas, ofende quem viu o programa e/ou o vídeo.
A baixa mediocridade imperou, dominou e foi rainha de um triste Carnaval travestido de informação e cultura. Lamentável.
       Quanto a mim só há três coisas inteligentes e sensatas a fazer:
1. não ver os trabalhos em que esta actriz entre;
2. ignorar a sua presença – nem sequer para a vaiar – a ausência de público será a rejeição mais verdadeira e poderosa;
3. as diferentes estações de televisão portuguesas nunca mais a deverão convidar . Antes ignorá-la. Todas as diligências e/ou pressões que visem o seu aparecimento público devem ser recusadas não lhe dando qualquer espaço, única forma demonstrarem o repúdio palas acções desta e se solidarizarem com o país português.

Conceição Paulino

Post scriptum – esta mensagem foi enviada para a SIC.

sábado, maio 02, 2009

os balões já não são o que eram

para mim eram bolas - mais ou menos redondas - de cor, leveza e beleza, cintilando contra o azul do céu. bastava o mais leve toque de um dedo, até um sopro, para que iniciassem um vôo de inesperados movimentos.

Descobri há pouco, via neta que nestas e noutras coisas é entendida como convém, a existência de minúsculos balões, coloridos embora, que não se erguem nos céus enchendo-o de cores e reverberações. Antes se enchem de água e se atiram contra algo. Explodem e a água jorra.

Talvez seja divertido. Elas acharam que sim.
Riram felizes a atirar balões ao chão, o mais longe possível, a fazer pontaria a postes...

Creio que algo me está a escapar.

quarta-feira, abril 01, 2009

Poema do Prof. Agostinho da Silva

Por causa do mundo curvo

causa do mundo curvo

eis aqui o que procuro

ter eu amor do passado

com a paixão do futuro

mas há remédio bem simples

para não ser inseguro

é amar vida sem tempo

ou seja o presente puro.

Agostinho da Silva (in "Uns Poemas de Agostinho", Ulmeiro, 1989)

segunda-feira, março 30, 2009

na passagem do 13º aniversário da Inês

convido-vos a partilhar a alegria e a gratidão por ela exisitir em nossas vidas

Brindemos.....

Se quiseres passar no blog da Inês clica aqui.

hoje passa o 13º aniversário de minha neta

pois é amizades hoje os nossos corações rejubilam na passagem do 13º aniversário de minha neta Inês. Ela tem um blog . Se quiserem passem por lá. Basta clicar no nome dela.Entretanto partilho esta alegria e a gratidão pela existância da Inês convosco.

Brindemos com alegria

sexta-feira, março 27, 2009

vamos deixar o planeta respirar - apaguemos as luzes por 1 hora

no próximo sábado, dia 28, das 20H30 às 21H30 apaguemos todas as luzes de nossas casas. Deixemos o planeta respirar. Ganhar fôlego.

A sobrevivência de TODA a vida está nas nossa mãos

quinta-feira, março 26, 2009

meu texto no 12º Jogo das 12 Palavras



Como sabem o jogo decorre no Eremitério e está prestes a fazer um anor de produção contínua na net, com resultado sob a forma de livro, o "22 OLHARES SOBRE 12 PALAVRAS".


Tal sucesso e continuidade deve-se, desde logo, ao Eremita que teve a ideia e nos desafiou, generosamente deisponibilizando o seu blog e o seu tempo para a gestão e postagem do Jogo.


Deve-se também ás características que lhe imprimiu - não competitivo e um Jogo em que o amor ás palavras e á escrita une pessoas totalmente desconhecidas entre si.


Aqui vos deixo o texto com que participei neste 12º Jogo das 12 Palavras:
P.S - para aquisição do livro enviar email para a editora: ediumeditores@gmail.com

~~~~~~ " " " ~~~~~~


ode à vida

na simplicidade de seu viver, com alegria e coragem, o beija-flor tece uma das mais belas odes á vida quando, de flor em flor, recolhe as vitualhas que lhe são alimento enquanto em toda a natureza, da flauta de Pan, ressoa um cântico de amor – o benjamim da vida. seu filho dilecto. fonte de tudo o que existe - e verdade onde a partilha é a lei maior. tão poderosa que não há maldição que logre inverter este ciclo mau grado as sucessivas rupturas criadas.

domingo, março 22, 2009

Novo livro de Maria Paula raposo

intitulado "Nevou este Verão" aqui está mais um livro de poemas de Paula Raposo, editado pela Apenas Livros, na Coleção Livros de Cordel.

Por 4,00€ podes adquirir o livro directamente à autora. Basta ires até ao sítio dela e fazeres a encomenda.

sábado, março 21, 2009

porque hoje é o dia MUNDIAL da poesia

e apesar de ter alguma resistência aos "dias de.." - todos fazemos cedências - por achar que a poesia, como as restantes artes nos fazem ver e sentir o melhor do mundo e em nós e são portanto portadoras da alegria coloco este belo poema da grande poeta que foi, é e será Cecília Meireles:

A arte de ser feliz

Houve um tempo em que minha janela
se abria sobre uma cidade que parecia
ser feita de giz. Perto da janela havia um
pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra
esfarelada, e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre
com um balde e, em silêncio, ia atirando
com a mão umas gotas de água sobre
as plantas. Não era uma rega: era uma
espécie de aspersão ritual, para que o
jardim não morresse. E eu olhava para
as plantas, para o homem, para as gotas
de água que caíam de seus dedos
magros e meu coração ficava
completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o
jasmineiro em flor. Outras vezes
encontro nuvens espessas. Avisto
crianças que vão para a escola. Pardais
que pulam pelo muro. Gatos que abrem
e fecham os olhos, sonhando com
pardais. Borboletas brancas, duas a
duas, como reflectidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem
personagens de Lope de Vega. Às
vezes um galo canta. Às vezes um
avião passa. Tudo está certo, no seu
lugar, cumprindo o seu destino. E eu me
sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas
felicidades certas, que estão diante de
cada janela, uns dizem que essas coisas
não existem, outros que só existem
diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a
olhar, para poder vê-las assim.

segunda-feira, março 16, 2009

Convite - apresentação do novo livro de Teresa Gonçalves em Vermoím/Maia

A amiga Teresa Gonçalves, Tecas/Ísis, lança no próximo sábado,dia 21 de Março, na chegada da Primavera, o seu novo livro de poesia VIDAS EM FRAGMENTOS, pelas 21H30, no edifício da Junta de Freguesia de Vermoím [ Av. D. Manuel, 33, 1573, Maia].
Apresentação a cargo do escritor Fernando Campos Castro.
Acompanhamento musical pelo cant'autor Carlos Andrade.

sexta-feira, março 06, 2009

Convite - Noite de Poesia em Vermoím/Maia

Amanhã, sábado, estão convidados a comparecer no novo edifício da Junta de Freguesia de Vermoím, onde decorrerá mais um sarau poético, subordinado ao tema "CHUVA".

Para informações complementares vão até aqui.

quarta-feira, março 04, 2009

textos - não enviados- com as 12 Palavras do 11º Jogo



Aqui deixo alguns textos não enviados que escrevi utilizando as palavras obrigatórias.


Morfeu me chamaram porque nasci assim. calmo. bem disposto. bebé de bons e longos sonos assim os dando a meus pais. anos mais tarde esta característica viria a mostrar-se muito útil. na idade adulta, ao cumprir o serviço militar, optei pela marinha e enquanto os meus colegas de recruta enjoavam, vomitavam, perdiam o pé com as oscilações do navio que mais parecia leve casca de noz à deriva no oceano, a situação era-me favorável. não havia ventos, batidas ou scudidelas por mais fortes, que me perturbassem. acordado ou a dormir, sentia-me o soberano e mítico deus dos mares. aquela vasteza aliviava-me do segredo só meu conhecido. para lá de toda a serenidade calma e paz, dentro de mim, insistindo cada vez com mais força a querer sair, um enorme e rugidor predador fazia-me ouvir a sua voz. sentir a sua força. em mim habitava um tigre cuja fúria se acentuava com o passar dos tempos e as injustiças que via no mundo.


~~~~~~ " " ~~~~~~

uma batida leve na porta fez-se ouvir. a soberana, dentro do quarto, estendida no leito entregue aos braços de Morfeu, como se repousando placidamente no convés de um navio, coberta com uma pele de tigre, sem qualquer hesitação, oscilação ou sacudidela, na voz de comando que lhe era usual disse: entre.
a medo a jovem camareira abriu a porta, deu um passo e fez a obrigatória vénia enquanto murmurava um sumido: majestade…
parou, incapaz de dominar a situação. a vasteza da divisão real parecendo-lhe encapelado oceano para onde maus ventos a haviam empurrado pois era sobejamente conhecido o mau humor da rainha para quem lhe levava más notícias. e as que ia transmitir eram as piores. toda a corte o sabia. daí terem-na escolhido…como que em sacrifício.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

teus pequenos olhos

teus pequenos olhos

viajavam-me por dentro.

por fora a pele

secou e

poro a poro

estaladiça rachou

inabitada.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

A vida é um somatório de paixões. As mais duradouras são as mais simples.

A palavra para o Fotodicionário desta semana foi "Paixão".

A foto abaixo é representação de "paixão" que enviei.

A vida é um somatório de paixões.

As mais duradouras são as mais simples.

Como esta, a paixão de um bom pão – preferencialmente o alentejano – barrado com manteiga. É uma paixão reconfortante no paladar e no aconchego que sempre recria.

A paixão de abrir os braços, abraçar o mundo ou voar no esplendor de um dia de sol em que se sente o espreguiçar feliz da natureza e escuta o respirar do mundo.

A paixão de, num dia de chuva, mansa e criativa, circular pelos campos no meio das plantas. senti-las felizes lavando as poeiras e os cansaços. sacudindo-se como cachorros brincalhões depois de saírem da água.

A paixão de uma criança, correndo feliz para nós, lançando-se nos nossos braços num total e confiante abraço.

A paixão do mar murmurando segredos em cada poro de nosso corpo enquanto nos enfeitiça definitivamente….

A paixão de um sorriso genuíno que ilumina o mundo.

A paixão do silêncio partilhado que nos diz: não estás só. Estou sempre contigo para o que der e vier.

Tantas, tantas paixões que nos alimentam o dia a dia começando no simples facto de acordar, continuando por todos os que amamos se encontrarem bem…

As paixões das coisas simples são as que importam e nos reforçam.

domingo, fevereiro 08, 2009

o poema que não disse

Ontem estive no encontro mensal de poetas em Vermoim .

Não sou assídua por várias razões, sendo determinante a ausência de transportes.

Foi com agrado que compareci.

O tema era "Manhã".

Não tendo poemas sobre este tema escrevi dois, dos quais só li um dado o elevado número de participantes inscritos - 27.

Aqui vos deixo o outro, com desejos de um excelente Domingo.

amanhecer é acordar em teu olhar

amanhecer é acordar em teu olhar

vigilante guardião de meu ser

ondas de ternura cobrem o físico

espaço onde a matéria vive

e o corpo repousa tocam a

imponderável e invisível substância

da alma e do ser doces correntes

que nos ligam e confortam

e |a cada manhã| se reforçam

no íntimo momento de amar

|porque|

amanhecer é acordar em teu olhar.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

estou aí

estou aí

olhas mas não me vês.

vês o reflexo do céu, das árvores,

das altas nuvens…

os insectos que correm na superfície

das águas, mas

a mim, não vês!

e no entanto estou aí. Mais do que

em qualquer outro lugar.

do corpo dessa terra nasci. fio

de água, torrente…

não me vês mas só aí existo e

estou.

tudo o que vês sou eu.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

"o dom –III" e "o casamento"

ao princípio julguei-me louca tão escaganifobética era a miscelânea de pensamentos, e o ruidoso salsifré que, contra o meu querer, me enchia o cérebro perturbando-me. deixando-me perdida. à deriva naquele turbilhão. olhando para trás nem sei situar esse “princípio” em termos temporais tão prematuro foi.
um dia acordei com um novo e autêntico sentir relativamente ao singular fenómeno que me enchia de estranhas vozes e alheios pensamentos. com paixão e suprema força de vontade entreguei-me ao estudo de um fenómeno que muitos consideravam mito. fábula. mas que, para mim, infelizmente era bem real.
um raciocínio e um sentimento límpido diziam-me não estar louca e ser tudo real. nem mito, nem fábula.
aos poucos confiei na vida e em mim. aprendi a controlar as entradas criando bloqueios de protecção e então sim senti-me bem viva e o renascer da alegria de viver e a gratidão por esta dádiva aconteceram.
~~~~~" " ~~~~~
o casamento
um autêntico, supremo, poderoso mas límpido salsifré irrompeu na Igreja quando os noivos disseram “sim, querer casar e, depois da autorização do ministro, se beijaram com singular e intensa paixão.
ambos sentiam e viviam a sua união como um renascer. não um vínculo limitativo, cadeia, prisão, ou algemas como metaforicamente era dito e simbolizado pelas alianças.
um sentimento novo possuíra-os desde o momento em que se encontraram e os olhos se quedaram, sem deriva, fitando o outro. acariciando-o numa saudade feroz, de séculos. que nunca mitigavam.
não era um conto de fadas, nem eles personagens de uma qualquer bula. para muitos era uma relação estranha. Bizarra. até de escaganifobética a designavam por fugir aos padrões sociais vigentes.
~~~~~~" " ~~~~~~
Para ler os textos de todos os participantes passem no Eremitério.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

O Acidente (2ª e última parte)


Ficámos sós. Meus pais e eu. Não temos mais família, meus pais já não são novos porque fui um filho tardio. Nasci, tinham ambos 43 anos. Já lá vão vinte e dois, façam as contas que são simples.
Neste momento meus pais têm sessenta e cinco anos, sendo meu pai mais novo, do que minha mãe, cinco meses e três semanas.

Esta não é, nem de perto nem de longe, a vida que para mim desenhara e cujo caminho prosseguia. É certo que posso acabar o curso de advocacia, estava no 3º ano quando o acidente ocorreu, era o melhor aluno do meu curso e todos me auguravam um futuro brilhante.
Eu, é que não sei se o quero.

Praticava surf, corrida de obstáculos e iniciara-me no alpinismo.
Fui sempre muito independente. Apesar de filho único e tardio meus pais não me prenderam nem na dobra da calça de um, nem na barra da saia de outra. Incentivaram a minha autonomia e independência.
Amo a vida, amo meus pais e posso dizer que sempre gostei de mim, nunca estive de mal com a vida, mas neste momento pondero, como séria hipótese, a questão da eutanásia.
A saúde de meus pais não é brilhante, o corpo morto que é agora o meu, pesa excessivamente no de minha mãe que me lava, muda e faz tudo o que necessário é para a minha higiene e conforto.

Meu pai, que sonhava deixar o emprego e dedicar-se a alguns dos seus hobbies criativos para os quais nunca tivera muito tempo, viu-se obrigado a continuar e a arranjar mais um part-time para que nada me falte.
Fazem tudo com boa disposição, bonomia, até alegria e prazer por me puderem ser úteis e minorar o mal que foi feito.
Sei que sofrem pelo meu estado, mas o seu amor é maior do que tudo.
E porque o meu por eles também o é tenho que avaliar e bem, de cabeça fria, as condições de sobrevivência com dignidade sem os sobrecarregar e equacionar a minha vida à medida do seu envelhecimento e após a sua morte.

Por termo à vida é uma decisão que pode vir a revelar-se como necessária.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

O Acidente (1ª parte)




Posted by Picasa

O sol entra pela janela do quarto e bate na cama, por vezes no meu rosto, dependendo da estação do ano e da rotação da terra.

A cama é articulada, permite que a coloquem em várias posições, desde as que me facilitam a leitura, às que me permitem, como agora, escrever no computador portátil que almas generosas, via um programa televisivo, que nunca vejo, me ofereceram.
Podem ainda fazer vários conjuntos de posições, levantando ou baixando, mais ou menos, uma das três partes articuladas que a compõem, de forma a dar-me o máximo conforto.
Nesse capítulo não tenho que me queixar.
Tirando o facto de ter ficado paralisado, de só mover o pescoço e os membros superiores, de ter perdido a juventude e os sonhos que a alimentavam e forjavam, não há nada de que me possa queixar.

Até o imbecil que se embriagou e insistiu em conduzir, contra a opinião dos amigos, veio rojar-se aos meus pés, e não falo figurativamente, pedindo perdão, desejando dedicar o resto da vida a cuidar de mim, a transportar-me para onde quisesse, a passear-me pela cidade ,...
Um sem número de coisas que estava disposto a fazer para que o perdoasse e pudesse assim redimir-se do seu grave crime.

É claro que rejeitei toda e qualquer oferta.
Não por raiva ou ódio.
Ao vê-lo ali, a meus pés, numa tal aflição perdoei-lhe o ter-me atropelado, o ter-me roubado a vida que projectava, a normalidade desejada só quando se perde apercebida.
Perdoei-lhe, é verdade, mas também o fiz por mim.
Se calhar mais por mim do que por ele.
A sua presença constante, com as lágrimas sempre a irromperem, a culpa a pesar-lhe mesmo depois de perdoado o crime e a interpor-se entre nós, feita presença, fazia-me mal, reacendia em mim uma zanga que longe dele, ou na sua ausência não existia.
Libertei-o de todos os encargos que comigo queria assumir, de todas as responsabilidades que implicassem a sua presença. Dispensei-o, ao fim e ao resto ...,
Disse-lhe que seguisse a sua vida e me deixasse seguir com a minha, lembro-me, quando lhe fiz esta afirmação, ouvir dentro de mim um riso escarninho..., sem ter que o ver permanentemente.
A culpa estampada no rosto, atitudes e gestos.

domingo, janeiro 04, 2009

Apresentação da reedição de 2 Obras do escritor António Rebordão Navarro

Amizades conto convosco para confraternizarmos no dia 8 do corrente, pelas 21H30 no Hotel Alvorada, Estoril (abaixo a planta com localização do Hotel)

em torno de duas obras - o 1º romance por ele escrito, "ROMAGEM A CRETA" e o livro de poesia "27 POEMAS" - deste autor, agora reeditadas pela EDIUM EDITORES.

A vossa presença é indispensável bem como o vosso empenho na divulgação porque há bons autores - como António Rebordão Navarro - esquecidos.

Porque será?

Vejo-nos lá e faremos uma festa maior em torno das palavras do autor.