segunda-feira, setembro 19, 2005

Reflexões, em torno de um anúncio





Convida-me o Carlos, do Orgia Política , a escrever.
Estranhamente, durante anos (uma década pelo menos) escrevi crónicas de cariz político.

Inquire ele se não tenho nada a dizer sobre este nosso país...
A questão é que há tanto, e tanta a mágoa, que não me apetece muito.
Vez por outra tenho uma recaída e dou por mim a escrever (mentalmente) depois....deixo ficar.

Será que este sarro rançoso do país político me apanhou qual maligno vírus?

Este anúncio, colocado no jornal na passada sexta-feira, diz tudo!
Tenho pena de não ter tido esta ideia (fabulosa).
Mas este anúncio diz bem do estado de espírito de desencanto, desilusão (não são bem a mesma coisa), frustração e dor em que vivemos.

Cidadão de enevoada ilha, sem rei nem roque, em que ainda se espera por um Sebastião qualquer, mesmo que não seja mítico, nem loiro, nem tenha olhos azuis perdidos no sonho e na distância.

Aqui o meu dorido silêncio se fundamenta.
Quando ouço as sondagens sobre Cavaco à presidência amplia-se, multiplica-se, desmultiplica-se e embrulha-me.

Que país é este que gosta de laborar no erro, de o repetir, de chafurdar na tristeza e comezinha (também vã) miséria e tristeza?

Vou ver se ACORDO.
Se saio deste marasmo que só a eles, fazedores de nevoeiros baços e sem graça, mas desgraça, beneficia.

Entretanto: parabéns ao inteligente, diligente cidadão português que, para além de dizer do seu desagrado, assim nos “abana” (e faz cair de vergonha) a todos.

(Publicado no ORGIA POLÍTICA, em 17 do corrente.