segunda-feira, outubro 06, 2008

degrau erodido


urgia afastar-me do avassalador tom azul da água amortecido pela sombra do casulo em que abrigara o corpo como se numa caixa onde, criança e conselheiro de mim pudesse vogar no céu. Comungar de toda e qualquer conversa. lambuzar-me de chocolate. curar a ferida no cotovelo e voltar, imaculadamente limpo, com a luminosa brancura da cal.
o distanciamento ao degrau erodido pelo uso, apesar da exponente e envolvente luminosidade fez emergir, como se iluminada por intenso farol a fusão das coloridas flores, imensa tela a tudo inundar de paz eliminando a possível existência de um inferno onde o ser se enterrasse no pantanoso lodo da loucura – fina linha que, sem licença, separa o mundo das trevas daquele onde a luz solar e o luar pontificam.

em que todo o movimento tem método tal suave vibração do despontar da manhã, ou do ritmado rolar do mar a marcar o compasso que nos separa da inexorável morte. linha ______ ______ __________vibração ~~~~~~~~~~ e compasso /\/\/\/\ --- /\/\/\/\ que nos torna nefelibatas nem que por fugazes momentos. nos quais, sem fuga ou ostracismo deliberado, nos recolhemos ao mais íntimo do ser como se gota de orvalho fossemos e assim, sem qualquer obstrução, viajássemos dentro de nós ou entre países sem fronteiras ou ainda entre o país real e o imaginário. leve pena no vento do pensamento. corpo e alma sem raízes luminosa rosácea a reflectir a luz do sol e, sem sobressalto, projectar a sombra da sua silhueta numa ténue tapeçaria onde nunca há tempestades.
viagem de uma vida sem vulnerabilidade onde toda a variável é vertical.

\ / suave e odorífero vapor evolando-se sem necessidade de nada vasculhar.


in, 6º Jogo das 12 Palavras. Aqui poderás ler muitos outros textos