Sócio do Jornal República desde a 1ª hora, cujas acções eu guardava religiosamnete até que com tantas mudanças de casa se extraviaram.
Nunca me deu lições. Os seus actos as davam.
Um dia que foi jantar a nossa casa, a mãe esmerou-se - ainda mais - no menú.
E ela que era uma cozinheira de mão cheia teve azar nessa.
A refeição não saiu como esperado e desejado.
No final do jantar pediu o avô a nossa atenção, levantou-se e fez um breve mas encantador discurso de agradecimento a minha mãe pelo excelso jantar.
Todos desconfortáveis porque sabíamos que não estava tão...excelso quanto isso.
Teria eu os meus sete anos.
Já fora da mesa, pedi-lhe que me explicasse o agradecimento feito até porque os pratos não haviam saído assim tão bem.
Olhou-me e disse: « Filha. Agradeço não pela qualidade do que comi, mas pelo amor e empenho que tua mãe pôs no que confeccionou. Acontece que as coisas nem sempre saem como desejamos. Mas o importante foi o gesto, a totalidade, o empenho e o amor que sei que pôs na confecção desta refeição.»
Nada lhe disse. Compreendera.
E de todas as coisas que me lembro de ter aprendido com ele esta foi a 1ª que me marcou tão profundamente, por isso a evoco ao evocar o dia em que nasceu.
Com gratidão o faço porque de meus antepassados me honro e sempre recebi lições de honradez, respeito e tantos outros valores que muito prezo e são o esteio do melhor que há em mim.
Há 40 anos que partiu. Enquanto eu for viva sua memória perdurará.
Tchim-tchim avô.
Obrigada.